Embarcações não tem berços adequados para atracação por falta de dragagem e avarias. SPA disse que já iniciou a recuperação das defensas e licitação para a dragagem está próxima da conclusão.
Por Mariane Rosssi,
Os prejuízos causados pela redução dos calados e a interdição de berços de atração no Porto de Santos, o maior do País, já ultrapassam US$ 10 milhões segundo o Sindicato das Agências de Navegação (Sindamar). Navios aguardam mais de 10 dias na barra por um local para atracar no cais santista e acumulam gastos altíssimos para conseguir descarregar combustíveis. Alguns navios são direcionados para outros portos brasileiros, mas são obrigados a arcar com mais custos rodoviários.
Os problemas começaram no início de outubro e foram se agravando. A falta de dragagem de manutenção somada ao assoreamento do canal do Porto provocaram a redução do calado operacional em berços da Alemoa e da Ilha Barnabé, que são destinados às operações de graneis líquidos, como o petróleo e seus subprodutos. As obras de dragagem de manutenção estão suspensas desde abril deste ano, quando o contrato terminou.
No fim de novembro, a Santos Port Authority (SPA), antiga Codesp, informou sobre a perda da profundidade nos berços e também a interdição de alguns deles por conta de avarias. Dos quatro berços públicos da Alemoa, apenas um funcionava normalmente. Já na margem esquerda, em Guarujá, a redução ainda maior do calado no trecho impede a atracação nos berços públicos de navios de grande porte. Por isso, os operadores ficaram praticamente com apenas um berço público em funcionamento.
No começo de dezembro, o G1 apurou que navios começaram a cancelar escalas no cais santista por conta destes problemas e foram direcionados a outros portos brasileiros como o de Paranaguá, São Francisco do Sul e Vitoria. “Tem uma fila enorme de navios lá fora. Isso trouxe uma situação bastante constrangedora e complicada para o porto”, afirmou Carlos Kopittke, Presidente da Associação Brasileira de Terminais de Líquidos (ABTL), na época.
Depois de 15 dias, a situação piorou ainda mais. De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Agências de Navegação (Sindamar), José Roque, os navios tankers, que levam produtos químicos, como gasolina e diesel, estão tendo que atracar em berços privados para depois seguir para um cais público, o que aumenta as despesas com rebocadores, práticos, novas atracações, entre outros serviços extras.
“A situação continua caótica com navios com atraso em média de 240 horas, ou seja, 10 dias de atraso, o que no segmento dos navios químicos é desastroso já que as fábricas precisam de insumo. Os prejuízos já ultrapassam a casa dos US$ 10 milhões, considerando que alguns navios tiveram que reduzir a sua capacidade total do embarque em 40% devido à restrição do calado”, disse Roque.
Segundo ele, o custo de um navio que transporta inflamável líquido gira em torno de US$ 20 mil por dia, já o navio de químicos é ainda mais caro, alcançando o valor de até US$ 35 mil por dia. Com o atraso de 10 dias, o custo pode chegar a, no mínimo, US$ 200 mil por navio.
Alguns navios continuam sendo desviados para outros portos, principalmente para o de Paranaguá. Estes ainda precisam considerar as despesas com a transferência do produto pelas rodovias, já que o Centro de Distribuição de Químicos fica na região leste de São Paulo.
Ainda segundo do Sindamar, nesta segunda-feira, na barra do Porto de Santos haviam 23 navios, sendo 17 de combustíveis e seis com produtos químicos. Um deles está na barra há 388 horas esperando para atracar no cais santista.
“Não temos mais tempo para aguardar já que a fila dos navios/sobrestadia aumenta. Nos navios que não carregam a sua capacidade máxima, além da perda de receita do frete, há também o reflexo na balança comercial devido o contrato não ter sido cumprido na sua plenitude, prejudicando os exportadores brasileiros em seus compromissos de venda e compra e consequentemente a credibilidade do negócio efetuado”, afirma Roque.
O Sindamar disse que sugeriu à Santos Port Authority uma contratação emergencial de dragagem para pelo menos retornar aos calados anteriores e trazer uma eficiência razoável para as descargas de granel líquido no Porto de Santos, mas foi informado que essa possibilidade ainda está sendo analisada.
Por meio de nota, a Santos Port Authority, antiga Codesp, afirma que 18 navios estão fundeados para atracar nos cais da Alemoa e Ilha Barnabé. Destes, cinco não solicitaram atracação. No último dia 6, a Santos Port Authority (SPA), em gestão junto à Capitania dos Portos, promoveu o estabelecimento do regime especial de atracação para granéis líquidos, o que mitigou restrição para as embarcações com este tipo de carga, com menor perda de calado em relação ao que havia sido estabelecido anteriormente, por medida de segurança da navegação.
A SPA diz, também, que já iniciou a recuperação de defensas 1 e 2 do cais da Alemoa, que serão concluídas de forma emergencial para dar mais opção aos armadores. Resta dizer, ainda, que as atracações no Porto de Santos seguem critérios técnicos, como condições climáticas e de calado, mas também mercadológicos e de conveniência do usuário. Com relação à dragagem, a licitação para a contratação ordinária já está próxima da conclusão, agora na fase da análise de recurso impetrado por licitante.
Fonte: G1 Santos – 16.12.2019
______________________________________
Reprodução de notícia publicada para conhecimento das Associadas